domingo, 30 de agosto de 2009

SÉTIMA OFICINA

No dia 25 de agosto foram trabalhadas as unidades 14 e 15 do TP4, tendo por objetivos: reconhecer texto e leitor como criadores de significados;relacionar objetivos com diferentes textos e significados de leitura;conhecer a amplitude e o papel do conhecimento prévio na leitura. Para isso, foi apresentado o texto "O SORRISO DE GAGARIN", de Marcelo Leite.

"Foi-se. O Brasil já tem seu astronauta, o tenente-coronel Marcos César Pontes, que partiu sorridente para a órbita terrestre a bordo da ultraconfiável geringonça Soyuz. Durante oito ou nove minutos de decolagem ao vivo pela TV, comportou-se à altura: deu tchauzinhos, fez sinal de positivo e apontou para a bandeira brasileira na manga esquerda de seu traje.
O gesto só não foi a senha para uma avalanche de ufanismo espacial porque ela já havia começado antes. Muito antes, por exemplo, na desanimada fala em rede nacional de TV do ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, no mesmo dia.
A imprensa já estava coalhada de reportagens e documentários sobre Pontes, o novo herói dos brasileiros (rivalizado nos últimos dias por um simples caseiro, Francenildo).
Nesta altura, já se sabe quase tudo sobre o aviador nascido em Bauru há 43 anos. É bom filho, pai e irmão. Desenha bem e toca violão. Até compôs "Suíte Sideral", que serviria de trilha sonora para a aventura brasileira no espaço. Arrastado pelo entusiasmo com a odisséia tupiniquim, um repórter de TV arrojado afirmou que até as estrelas compreenderiam a emoção especial do astronauta brasileiro. E por aí se foi.
O ponto alto da mistificação foi comparar Pontes com Alberto Santos Dumont e Iuri Gagarin. Pontes merece todo o respeito, mais por sua coragem e determinação do que por suas palavras, mas não chega aos pés de nenhum dos dois. O primeiro aviador brasileiro voou nas máquinas que ele mesmo projetou, um século atrás, com toques de genialidade (mais apreciáveis num Demoiselle do que num 14-Bis).
Gagarin, por seu lado, fez mais que ser o primeiro a voar algumas dezenas de metros. Sentou-se no topo de um míssil e viu o próprio planeta de fora, coisa que nunca ninguém havia feito. Foi e disse: "A Terra é azul". Nunca mais precisou dizer nem fazer nada. Bastava sorrir.
Pontes também tem muitas razões para rir, mas não são as mesmas de Gagarin. Compará-lo ao herói soviético com base somente nisso – o sorriso – é prova rematada de falta de assunto, ou de argumentos.
A cobertura da imprensa para o pequeno vôo histórico do brasileiro, contudo, não teve só ufanismo. Aqui e ali se fizeram ouvir críticas ao caráter perdulário da empreitada, à indigência da maior parte dos experimentos que leva a bordo, aos objetivos propagandísticos da viagem. Coisa rara, na cobertura de feitos científicos.
No dia mesmo do lançamento, em pleno Jornal Nacional da Rede Globo, que tanto investiu no novo herói, a surpresa: uma entrevista com Ennio Candotti, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), espinafrando a iniciativa. Denunciou que a "carona paga" torrava boa parte do orçamento do programa espacial e disse que isso equivalia a comer a sobremesa antes da refeição.
Gagarin, se não estiver se revirando no túmulo, pode até estar sorrindo. Talvez dissesse: "A Terra é azul, mas o espaço, hoje, é verde-e-amarelo".

Após a leitura, foram apresentadas as seguintes questões para discussão:
1) Por que Marcos Pontes tornou-se herói dos brasileiros?
2) Por que ele estava sendo rivalizado pelo caseiro Francenildo?
3) Por que o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, falou em rede nacional?
4) Por que a imprensa estava coalhada de reportagens sobre Pontes?
5) Quem foi Santos Dumont?
6) Quem foi Yuri Gagarin?

Os objetivos da unidade 15 foram: conhecer as várias funções e formas das perguntas, na ajuda à leitura do aluno;utilizar procedimentos que levem à determinação da estrutura do texto;utilizar procedimentos adequados para atingir o objetivo de ler para aprender. Para isso, foi trabalhado no TP4 p.118 o texto “Este Admirável Mundo Louco”, de Ruth Rocha, que retoma o título de um romance escrito por Aldous Huxley, onde é apresentada uma sátira ao mundo moderno e suas conquistas.

O que você pode esperar de um livro com este título: Este admirável mundo louco ? O que sugerem os dois adjetivos dele?

Para finalizar, foi feita a leitura do texto “A expansão da pobreza nas cidades”, p. 136 e solicitado que os professores prestassem atenção aos TIPOS DE PERGUNTAS que podem orientar o leitor a compreender o texto.

a) Algumas perguntas procuram abordar informações que estão claras e diretamente apresentadas no texto;
b) Algumas perguntas exigem do leitor uma busca mais cuidadosa de resposta, para a qual ele deve fazer algum tipo de inferência;
c) Algumas perguntas pedem do leitor uma resposta pessoal, baseada nos seus valores, sua percepção de mundo, da sociedade;
d) Algumas perguntas dizem respeito ao gosto pessoal, a preferências e aversões;
e) Algumas perguntas procuram levar o leitor a relacionar o texto a outros textos ou outras posições. (TP4 p.120/121)

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